quarta-feira, 14 de março de 2012

Em busca de aprovação

ah, bonequinha da ma-mãe, vai ser modelo e atriz 

Por achar que o texto é relevante.

Por que algumas pessoas vivem em busca de aprovação? Por que desejam receber o amor e a aprovação das pessoas em sua volta?
Querer aprovação em demasia é sinal de que a pessoa tem uma auto-estima bastante baixa. Quem tem sentimentos de auto-estima se sente amado, se sente querido e por isso depende menos das aprovações e avaliações alheias. Em oposição, pessoas com baixa auto-estima estão perdidas e não sabem o que escolher ou decidir, e geralmente elas escolhem as pessoas mais sedutoras como modelo e aprovação. Além disso quem tem baixa auto-estima se submete no relacionamento, é controlado aversivamente e se alimenta de migalhas. O problema é quando a aprovação passa de alguns limites e toma muito tempo da vida da pessoa e aí a pessoa começa a viver mais a vida alheia que a própria. Querer agradar os outros, desagradando a si próprio, é uma forma de abrir mão da sua identidade, mas depende do contexto. Em algumas situações é inevitável nos desagradarmos para fazermos algo que nosso companheiro goste. O problema na questão de agradar aos outros está na frequência, intensidade e duração. Uma pessoa deixa de responder menos aos comentários e críticas alheios quando gosta de si mesmo. Uma pessoa com boa auto-estima consegue tolerar mais comentários alheios sobre si. Agora para a nossa auto-estima melhorar precisamos ter bons amigos. Durante toda a vida, nosso ambiente interpessoal circundante – colegas, amigos, professores, bem como família – tem uma enorme influência sobre o tipo de indivíduo que nos tornamos. Nossa auto-imagem é formada, em grande medida, com base nas avaliações refletidas que percebemos nos olhos e nas falas de figuras importantes em nossas vidas.É apenas com o relacionamento interpessoal de qualidade, com bons vínculos afetivos é que desenvolvemos nossa auto-estima. Mas é bom lembrar que ter muitos amigos não é sinal da qualidade dos relacionamentos, o que desenvolve a nossa auto-estima é ter relacionamentos genuínos e afetivos. E isso envolve desabafar, ouvir, passar por dificuldades e ser acolhido, ajudar o outro, confiar no outro etc. É importante salientar que isso leva tempo para concretizar porque fazer bons amigos depende do outro, das circunstâncias, de alguns repertórios nossos etc. Logo, os vínculos afetivos que produzem o sentimento de auto-estima são raros.E além do mais, estes sentimentos são produtos de médio e longo prazo. Isto porque envolvem uma construção de confiança a partir de testes naturais na relação.
As top models em sua maioria são vítimas de contingências que não produzem sentimentos de auto-estima. Geralmente, elas não têm tempo de ter relacionamentos duradouros devido às diversas viagens e compromissos. Como não tem tempo para os relacionamentos vingarem elas não conseguem testar se o parceiro é afetivo ou se os parceiros estão apenas por questões puramente sexuais. Além disso, estão em um ambiente que valoriza muito a estética e além do mais estão inseridas em um ambiente competitivo com outras modelos dificultando mais ainda vínculos genuínos. As circunstâncias são desfavoráveis e diminuem a probabilidade do afeto. Desse modo os relacionamentos tornam-se superficiais, não produzindo sentimentos de auto-estima.
O que acontece é que as pessoas possuem histórias de vida distintas e por isso se comportam de forma diferente e nem sempre correspondem com os padrões desta sociedade. Muitas vezes elas não se comportam de uma forma genuína para não ir em oposição aos padrões sociais, neste sentido é melhor seguir os padrões e ser aprovado, mas depois sempre ficará faltando algo porque a pessoa não segue a sua história de vida mas segue a história de vida alheia. Uma pessoa que se sente amada em casa e tem pais que sempre valorizaram suas escolhas responderá mais a sua própria felicidade e menos aos padrões sociais vigentes. Ninguém perde aquilo que não tem. Quando você vive o que quer, as pessoas permanecem ao seu lado e apreciam por ser quem é, com qualidades e limitações
Muitas pessoas são competentes no seu trabalho, mas péssimas em amor próprio. Muitas vezes elas têm um histórico onde o pai apenas dava carinho quando eram bem sucedidas nos seus afazeres. Assim, a criança cresce acreditando que será amada se fazer tudo direitinho. Aí ela desenvolve um repertório acadêmico e profissional porque acredita que assim será mais aceito e amado. O que de fato acontece é que isso não desenvolve afeto, apenas fortalece a auto-afirmação.Tais indivíduos precisam quebrar a regra do desempenho para terem amor. Eles precisam aprender que precisam ser amados pela sua existência e companheirismo e não pelo sucesso que almejam. Auto-estima se desenvolve na relação com o outro. Onde o outro nos ama (organismo) pelo que a gente é e não pelo que nos comportamos ou temosComo a nossa sociedade tem a ilusão que pode comprar auto-estima. As pessoas pobres de estima vão compensar em altas vozes sobre o poder de compra que tem, ou falarão sobre o poder aquisitivo. Logo, o consumismo é uma estratégia perigosa que as pessoas usam para ter bem estar, nossa sociedade acredita no consumo para o bem estar. Mas, isso está longe de desenvolver auto-estima, isso só desenvolve a auto-afirmação.

Mesmo correndo o risco de desagradar, de se sentir criticado ou rejeitado, é preciso seguir em frente. Abrir mão da autorrealização é abrir mão da oportunidade de construir sua felicidade, do seu jeito, no seu tempo, seja ela qual for. Pode perceber quanto menos uma pessoa tem auto-estima mais ela precisa se auto-afirmar. Se auto-afirmar é responder ao outro, é depender do outro, é querer a aprovação alheia para se sentir amado, mas isso é uma ilusão. Para auto-estima ser elevada é preciso ser amado independente do que temos ou a posição social que estamos e profissional que exercemos. A nossa auto-estima é elevada por um amor incondicional, ou seja, quando gostam da gente independente do que fazemos, mas pelo simples fato de nossa existência e amizade.
Uma pessoa que não possui sentimentos de auto-estima é porque tem uma história de desenvolvimento de privação de afeto. Daí uma forma de fuga/esquiva ineficaz e comum são comportamentos com a função de se auto-afirmar. Uma mulher, por exemplo, vai cuidar cada vez mais da sua estética. Um outro indivíduo vai compensar com um eterno desempenho e senso de perfeccionismo. Outras pessoas farão discípulos como forma de conseguir poder e status. É tentador ter bajuladores e adoradores e há uma função muito clara. Na verdade, os repertórios de comportamentos de fuga/esquiva (auto-afirmação) vai depender da seleção ocorrida na história de vida do indivíduo. 
Em alguns casos as pessoas desenvolvem a habilidade de se defender de críticas. Elas ficam na defensiva. È uma adaptação natural. Se a crítica vir direto a pessoa sofrerá muito por isso se defende veemente. A solução para tal situação é fazê-la discriminar e filtrar as críticas justas das injustas. A pessoas têm que ficar sob controle de que críticas justas devem sinalizar os comportamentos inadequados que devem ser mudados. Já as críticas injustas devem servir como sinal para a defesa. 
Quem tem baixa auto-estima precisa testar a sua importância, ter bons vínculos pessoais. 
“Tão bom estar aqui do seu lado; Filhão, você é lindo; Que saudades que estava de você." Perceba que tudo isso é dito independente da atividade do filho. É isso que constrói pessoas mais amadas e com auto-estima. È uma ilusão acreditar que o alto desempenho cria filhos mais amados. Isso só cria pessoas competitivas e bem sucedidas
É importante acrescentar que o sujeito com auto-estima nunca vai ser o primeiro. Ele se satisfaz com segundo, terceiro ou quarto lugar. Em contraposição, quem tem baixa auto-estima depende da referência externa, depende do outro, em muitos casos depende do desempenho. Depende da aprovação externa. Por conseguinte a regra: “Agradar aos outros a qualquer custo.” Ele ou ela produz más relações ou relações que não duram. Logo, se livrar da aprovação ou reconhecimento dos outros é muito importante para aumentar o sentimento de auto-estima. Quando você não precisa provar mais nada para alguém a sua auto-estima aumenta.
Como fazer para interromper esse padrão de comportamento que suga energia?O melhor caminho é o autoconhecimento. O autoconhecimento consiste da observação de nossos comportamentos e entender as múltiplas razões e causas de nossos comportamentos. É importante aumentar a auto-estima do indivíduo. A auto-estima é um sentimento positivo da pessoa sobre si mesma, um sentimento de ser amado e querido; amor a si mesmo. Auto-estima está associado a bem estar e satisfação.

-- Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.


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